A história dos strip malls
A história dos strip malls tem origem nos Estados Unidos e podemos defini-los como centros comerciais ao ar livre que oferecem opções de conveniência, serviços essenciais e alimentação nas principais vias da cidade.
Diferentes dos shoppings comuns, são extremamente eficientes quando se pensa em aproveitamento de espaço. É o verdadeiro ápice entre conveniência, capitalismo e a forte cultura de drive-thru americana.
Nos Estados Unidos existem mais de 65 mil strip malls, mas aqui no Brasil eles ainda estão se tornando uma tendência que tem ganhado mais visibilidade devido à pandemia, justamente por serem ambientes com mais espaços ao ar livre.
Antigamente, esses estabelecimentos não costumavam ter muito destaque. Hoje em dia, vemos empreendimentos como o Villa Nattu, com design mais moderno proporcionando um ambiente mais agradável. Mas a sua aparência não é uma coincidência e sim a chave para o seu sucesso. Suas lojas são sempre alinhadas paralelamente às ruas, ou em formato de L quando construídos em esquinas, isso porque o fator visibilidade é crucial para o seu sucesso.
As lojas chamam a atenção com suas fachadas, não necessitando de outdoors para atrair um potencial cliente que esteja passando pela frente do estabelecimento.
Os strip malls apresentam um comportamento de consumo diferente do varejo comum e isso acontece num nível de detalhe maior, pois todo o espaço é pensado para a praticidade.
Depois que um potencial cliente vê uma loja de seu interesse, o próximo passo é entrar no estacionamento. Isso pode ser outra questão de visibilidade, porque se o cliente não entende exatamente como entrar no strip mall rapidamente, ele pode passar da entrada com seu carro e não voltar. Então as entradas precisam ser de fácil acesso e não ter nenhum obstáculo que impeça o cliente de ver com clareza onde entrar. Os estacionamentos também são planejados e projetados para garantir a facilidade dos clientes entrarem e encontrarem uma vaga logo em frente à loja de seu interesse.
Os strip malls em esquinas aproveitam as duas ruas adjacentes como vantagem e facilitação na entrada e circulação pelos acessos. Clientes são mais suscetíveis a entrar no estabelecimento quando conseguem ver de longe que tem uma vaga disponível e parar em frente maximiza a comodidade, podendo parar logo em frente do seu salão de beleza, por exemplo. Diferente dos shopping centers ou grandes lojas de varejo, onde o cliente precisa parar longe da entrada e caminhar até dentro do estabelecimento para procurar sua loja.
Atenção ao detalhe = projeto eficiente
Um desafio de design dos strip malls é determinar o tamanho correto do estacionamento, entre não ter espaço demais para que hajam sempre vagas livres, nem que o estacionamento seja muito profundo, pois se as lojas são seus próprios outdoors, essa distância pode deixá-las apagadas.
O objetivo dos strip malls é alugar espaço para lojas com uma média de 100 m² cada, com uma cerca de 30 metros de comprimento da entrada até o fundo do complexo, e não mais que isso.
Um strip mall com muita profundidade pode não funcionar porque, efetivamente, tem espaço demais. Por isso eles são, em sua maioria, longos e estreitos, garantindo flexibilidade para ter pequenas lojas, mas uma fachada grande o suficiente para possíveis maiores inquilinos.
Para medida de largura total do strip mall, geralmente ela fica em torno de 100 metros, considerando que as pessoas não querem andar muito para chegar até as lojas nessa categoria de estabelecimento, que é focado na conveniência do consumidor.
A outra dimensão a ser considerada é a altura. Antigamente, os projetistas desses espaços não faziam um segundo andar. A resposta simples para isso era que os varejistas assumiam que os clientes não iriam subir um lance de escada e também seria difícil conseguir alugar um segundo espaço no andar de cima para a mesma loja.
Hoje em dia, em strip malls como o Villa Nattu, vemos que é possível criar um segundo andar e aproveitar para locatários de escritório. Acreditava-se que os funcionários do local iriam competir por um espaço valioso no estacionamento durante o horário comercial e isso prejudicaria a rotatividade de clientes. Atualmente, a maioria dos projetos já leva isso em consideração para aproveitar o uso do espaço de forma mais eficiente.
Todos esses fatores contribuem com a eficiência implacável dos strip malls, fazendo com que eles fossem destinados a dominar o panorama do varejo suburbano dos Estados Unidos — e quem sabe um dia no Brasil?
Os primeiros strip malls surgiram por volta da década de 1920 e alguns existem até hoje.
Como tudo realmente começou?
Sua história começou na década de 1920, com os primeiros shopping centers que seriam identificados como strip malls como o Ye Marketplace, em Los Angeles.
Nessa época, os carros começaram a ser mais populares e não levou muito tempo para que eles se desenvolvessem para o modelo que é conhecido hoje.
Na década de 1930, publicações como a Architectural Record começaram a desenhar modelos e esquemas de strip malls para uso geral e até continham mais detalhes arquitetônicos para pedestres em termos de decoração e jardins.
Logo depois da Segunda Guerra, na década de 1950, os designers dedicaram seu foco exclusivamente para a eficiência e só então foi rotulado como strip mall. Arquitetos da época chegavam a chamá-los de “máquinas de vendas”, pois funcionavam muito bem para os lojistas.
As facilidades e decorações foram eliminadas e, então, sua estética foi designada como simples e moderna, um estilo feito para transmitir a conveniência e eficiência que o espaço traz.
Na época, eles pensaram que uma estética muito chamativa afastaria clientes de classes mais baixas e o design logo pareceria ultrapassado. Essa estética também foi de encontro com a adoção da arquitetura modernista pelos Estados Unidos na época, sem ficar deslocada em meio àquele cenário.
Na verdade, os strip malls estavam surfando a onda da suburbanização, assim como os clientes os viam como os “shoppings da era moderna”.
Strip Malls vs. Varejo Tradicional
Mas conforme as décadas foram passando, o habitat natural dos strip malls começou a mudar. Isso porque no começo eles abrigavam instituições comumente encontradas no centro da cidade como correios, bancos, igrejas e mercados. A facilidade de ter um carro foi o que garantiu a ascensão dos strip malls, mas acabou fazendo com que eles perdessem consumidores para outras opções de varejo tradicionais.
Agora que as pessoas tinham um carro, por que elas iriam se acomodar em fazer as compras num strip mall, em vez de pegar a rodovia e ir a um grande centro varejista que oferece uma quantidade muito maior de opções?
Não demorou muito para que aqueles negócios seguissem em frente para outras locações e que brechós, lojas de penhores, de bebidas alcoólicas, lavanderias preenchessem a sua fachada.
Enquanto uma parte dos strip malls foi à decadência por conta disso, outra sobreviveu e prosperou como conhecemos hoje. Também pelo apoio que proporcionou às comunidades imigrantes devido à baixa barreira de entrada e aluguéis que os strip malls ofereciam antigamente para classes baixas e minorias, durante as décadas de ascensão desse modelo de negócio.
Os strip malls são um grande negócio mundialmente e proporcionam um meio de ascensão social para muitas classes. Seu design eficiente e flexível prova que eles estarão à frente e em constante adaptação, seguindo a constante mudança do panorama varejista.
Vista aérea do projeto do Villa Nattu, na principal esquina de Toledo-PR.
O Villa Nattu
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